sábado, 18 de janeiro de 2014

Mistério de Sophi

                                  
- Abençoai Senhor nosso Irmão José Luiz Fonseca, que partiu de forma tão bruta deste mundo. Consolai sua família que sofre tanto nesse momento e que possa ser feita a justiça tanto humana, como a Divina. Rezemos um Pai Nosso pelo Nosso Irmão.
“Pai nosso que estais no céu...” nunca pude entender a fé dos homens, qual a lógica de acreditar em algo que não se vê, se esse tal Pai existe por que criaria um monstro como eu?
- E agora para aqueles que desejam confessar eu estarei à disposição.
É engraçado como sempre me senti desconfortável numa sala de confessionário, mas sempre era obrigada pela minha mãe, se ela não tivesse me obrigado tudo poderia ser diferente hoje, mas...
-Boa Noite, Padre.
-Boa Noite, minha Filha. O que a trazes aqui?
-Eu pequei Padre, não consegui resistir aos meus instintos carnais, desculpe-me, mas o desejo falou mais alto que a razão Padre, e eu só consegui sentir-me completa quando senti o líquido do corpo da pessoa junto com meu rosto.
- Oh minha Filha, o Pecado da Luxuria é um pecado muito grave, Deus criou o sexo para que pudéssemos dar continuidade a nossa espécie, e não para cometer tais atos libidinosos.
-Eu sei, mas é mais forte que eu, não sei se posso resistir.
- Você consegue sim, Filha, é só Orar e Vigiar, Deus irá auxiliar você nessa sua dificuldade, reze 10 Pai Nosso e 10 Ave Maria. Há algo mais que deseje confessar?
- Não Padre, obrigado, tchau e fique com Deus.
-Vá com Deus você também minha filha.
Acho que é uma das primeiras vezes que consegui confessar sem mentir, afinal a culpa não é minha que esse Padre seja tão burro, e achar que o líquido o qual me referi era sémen, nunca me envolveria com outro homem, não depois daqu...
-Aii, desculpe-me Senhor, estava distraída e não o vi.
- O fique tranquila, Querida, não foi nada. Nós já nos conhecemos de algum lugar?
-Creio que não Detive Corelli, na verdade eu conheço o Senhor da T.V, talvez você tenha me visto aqui na Igreja mesmo.
-Ha, vejo que me conhece, mas pode chamar-me de Mauro. Mas você deve estar correta, creio que lembraria de um Anjo como você se a tivesse conhecido. Qual é o seu nome mesmo?
- Meu nome é Adriana Sophi, e o senhor é muito lisonjeiro. Desculpe-me, mas tenho que ir, já é tarde e como você bem sabe não é seguro andar sozinho nas ruas de São Paulo. Ainda mais uma garota indefesa, não é?
-Correto, mas se quiser posso lhe acompanhar, deve saber que sou do tipo protetor?
-Não, não sei não. Agradeço, mas prefiro ir sozinha.
- Eu temo que deva insistir.
- E eu temo que deva negar.
Ainda bem que aquilo pois fim a conversa, o Delegado Mauro Corelli não é alguém que eu queira de amigo, apesar dele ser a pessoa que mais se preocupa comigo, ou melhor com meu outro eu. Era pelo meu outro eu que eu necessitava estar naquela igreja, era pelo meu eu pecador que aquela missa estava sendo rezada para o Sr. José, e pelo meu outro eu mais de 12 missas já haviam sido realizadas, e em todas eu estive presente e em todas eu me confessei, e em todos os meus pecados foram “absolvidos” depois de rezar 10 Pai Nosso e 10 Ave Maria.
Sim, eu matei 12 pessoas. Sim, o liquido que eu gosto de sentir em meu rosto é o sangue, mas diferente do que pensam as pessoas eu não sou um monstro, pelo contrario, se teve alguma coisa que aquele imbecil do Corelli falou que estava certa era: eu era um anjo, se os Anjos lutaram contra os Demônios no céu. Eu luto contra os Demônios da Terra, tudo o que eu faço é pela justiça.

Cheguei à conclusão, que talvez eu tenha que ser mais feminina, e se a maioria das meninas tem um diário, eu também devo ter um, mas nele não colocarei histórias de namoradinhos, mas sim meus relatos sobre as mortes. Se Eu tenho medo disso tudo? É claro que tenho, tenho medo de tudo que é incerto nesse mundo, que a única certeza é a morte.

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