sábado, 18 de janeiro de 2014

Diario de Sophi

Bem, por onde posso começar.. Um ídolo meu sempre disse para irmos por partes então. Meu verdadeiro nome é Diana Sophia, nasci dentro de uma família tradicional de São Paulo, sendo assim por que menti meu nome para o Delegado? Não menti, na verdade eu mudei de nome. Hoje, sou Adriana Sophi, uma jovem abandonada dentro de uma instituição de caridade, que cuida de crianças carentes e abandonadas a própria sorte.
 A verdade é que a instituição é minha e eu sou a mantenedora da casa, mas prefiro fingir ser só mais uma criança perdida nesse mundo cruel, onde pais odeiam os filhos, filhos odeiam os pais, pois assim chamo menos atenção e também posso ver a verdade nas pessoas. Sim a verdade, pois o dinheiro é como a cocaína quando se está com ele na mente tudo é lindo, todos ficam felizes, mas quando ele acaba tudo que se vê é a raiva, a depressão..
Agora como uma menina pobre, todos me tratam pelo que sou e não pelo que tenho. As crianças que são protegidas por mim me veem como uma mãe ou irmã mais velha, é uma pena eu nunca ter essa sensação.
Minha mãe foi uma fraca, casou com um homem que a tratava como um lixo, dizem até que eu nasci de um estrupo, num dia em que minha mãe estava doente e meu pai chegando em casa bêbado e sedento por sexo a estuprou.  Quem dera aquela fosse a última vez, quem dera aquele fosse seu ultimo crime. Mesmo depois do meu nascimento os estupros continuaram e as agressões a minha mãe começaram. Aquela fraca nunca teve coragem de denuncia-lo, se tivesse poderia ter sido diferente.
A única coisa que minha mãe fazia era rezar, ela ia todos os dias da igreja fosse para ajudar o padre, fosse para assistir a missa, fosse para.. como ela pode fazer aquilo? Não importa, ela fazia questão de me levar para aquele martírio todo santo dia, e fazia-me confessar sempre para o padre, e sempre que o padre me perguntava sobre os meus pecados, eu mentia. Dizia que havia xingado uma colega, reclamado da minha mãe ou coisa do tipo, mas eu  fazia pior ou era obrigada a fazer coisas piores...
 Eu também era estuprada pelo meu pai, sim, aquele demônio nojento, chegou uma hora em que minha mãe não o satisfazia ou pelo menos eu pensava daquela maneira e ele começou a me usar..
E o que minha mãe fazia sobre isso? Rezava, ia ouvir conselhos do Padre sem contar-lhe os seus verdadeiros problemas. Até que um dia eu lhe questionei:
-Mãe, por que a senhora não faz nada contra meu pai? Ele só nos machuca, ele nos odeia mãe, por que?- Eu era apenas uma criança, só tinha 8 anos, não entendia o porquê de tanto sofrimento.
-Ele não nos odeia meu amor- ela disse com uma tranquilidade na voz, mas com um medo em seu olhar- Seu pai tem apenas andado estressado de mais, é só cumprir os seus caprichos que nada irá nos acontecer.
-Mas mãe, eu faço tudo que ele me pede, e mesmo assim ele me machuca cada vez mais. A senhora não podia pedir ao seu Deus para nos ajudar?

 O tapa me atingiu como um chicote, meus lábios racharam, minha boca se encheu de sangue, lágrimas caíram de meus olhos, lágrimas de dor, mas lágrimas principalmente de raiva. Apesar de meu pai sempre me agredir, foi esse tapa, o tapa da minha mãe que mudou minha vida, depois desse tapa, Diana Sophia morreu(minha primeira morte) e Adriana Sophi nasceu.

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